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A Vida de Pi

5/1/2013

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No momento em que alcançámos a costa Mexicana, estava com medo de largar o barco. A minha força tinha desaparecido. Estava tão fraco que tinha receio que em sessenta centímetros de água e tão perto da minha salvação me afogasse. Lutei por chegar à margem caindo sobre a areia quente e macia, foi como pressionar o rosto contra a face de Deus que algures sorria por me ter ali. Estava tão exausto, que mal me conseguia mover e assim o Richard Parker seguiu à minha frente, esticou as pernas e caminhou ao longo da costa parando ao início da selva.

Tinha a certeza que ele iria voltar-se para trás, achatar orgulhosamente as suas orelhas junto à cabeça e que de alguma forma iria trazer um fim à nossa relação. Mas ele simplesmente continuou selva adentro. E assim, Richard Parker, o meu feroz companheiro, o terrível que me manteve vivo, desapareceu para sempre da minha vida. Após algumas horas alguém da minha espécie encontrou-me, regressando com um grupo de homens que me socorreu. Eu chorava como uma criança, não por estar perplexo por ter sobrevivido, mas porque o Richard Parker me tinha abandonado sem qualquer cerimónia. Partiu-me o coração. Sabe, o meu pai estava certo. O Richard Parker nunca me viu como um amigo. Depois de tudo o que passámos juntos ele nem sequer olhou para trás.

Mas tenho que acreditar que existia algo mais naqueles olhos do que o meu próprio reflexo. Eu sei-o, senti-o, mesmo que não o possa provar. Deixei tanto para trás, a minha família, o Zoo, a Índia, a Anandi. Suponho que no fim tudo se resuma ao acto de deixar partir.  Mas o que mais me magoou foi o facto de ele nem sequer se despedido.

Nunca pude agradecer ao meu pai por tudo o que aprendi com ele. Dizer-lhe que sem os seus ensinamentos nunca teria sobrevivido! Eu sei que o Richard Parker é um tigre, mas gostava de lhe ter dito : “Terminou, sobrevivemos. Obrigado por me salvares a vida, adoro-te Richard Parker, estarás sempre comigo apesar de eu não poder estar contigo.”

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Fui ver este filme ao cinema há algumas semanas e esta parte que tentei transcrever da forma mais exacta que me recorda foi a que mais me emocionou em todo o filme e pela qual chorei enternecidamente recordando o meu Richard Parker. Creio que todos nós temos o nosso Ricard Parker que a determinado momento seguiu a sua vida sem sequer olhar para trás, deixando-nos caídos, sós, feridos e moribundos a espera de salvação.

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