Tanto procurei, mexi e remexi que encontrei uma pequena pérola entre as dezenas de cassetes do meu saudoso avô, eu com cerca de 11/12 anos de idade (1991/92) a cantar a musica Parte do Seu Mundo da obra-prima da Walt Disney, A Pequena Sereia. Lembro-me que fui ver este filme com a minha turma a uma pequena sala bibliotecária no Ciclo hoje Escola Tecnológica de Vale de Cambra. Vi-o ao lado do meu melhor amigo Filipe e fiquei encantado, tanto com o filme como com a sua trilha sonora, talvez seja a primeira canção de amor que me recordo ter ouvido, decorado e repetido, vezes sem conta. Quero viver onde você está. Comentários Avó, sinto uma saudade imensurável tua. Arrependo-me profundamente de todas as vezes que quiseste sair e eu disse que não, que ficava para outra altura, perdoa-me. Hoje daria mundos e fundos para voltar a ter essas oportunidades desperdiçadas de estar contigo. Nunca disse que te amava ou adorava, que gostava da tua presença e que me fazias feliz, eu sei que o sabias dentro de ti, mas nunca o ouviste da minha boca. Sempre achei que devia guardar essas palavras interiormente, deixa-las amadurecer, ganhar valor, sentimento e dizê-las apenas a mulher da minha vida, aquela de quem se sonha morrer ao lado e assim o fiz. Quando a julguei ter encontrado arremessei-lhe todo o meu amor aos pés, ela abrandou o passo mas logo partiu, lancei flores ao vento. Descobri recentemente que a mulher da minha vida morreu, eras tu, minha avó, minha mãe, minha amiga. Nunca pensei que iria sentir tanto a tua falta. Gritaria aos quatro ventos, dir-te-ia o que não disse, mas sei que não me ouves, colheria as esparsas flores, uma a uma e levaria ao teu túmulo de morta, mas os teus olhos sem vida não as enxergariam e esta incapacidade, esta saudade, veste de roxo toda a minha alma. E o lenço a dizer adeus Nesta fotografia nota-se a simplicidade e a pobreza da casa da minha avó onde vivi durante uns 15 anos e fui imensamente feliz, no canto esquerdo a minha mesa de jantar posta, na parede uma vela única num candelabro, que me iluminava tanto a mim quando fazia os deveres da escola em noites invernosas, como a minha avó de madrugada que se levantava diariamente às 5 da manhã para acender a lareira onde me aquecia o leite. Comentários |
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Maio 2018
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