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"Nunca, por muito que eu profira em palavras, por muito que eu escreva em papel, nunca direi tudo, sobre ti, sobre mim, sobre nós."

Só te amo até terça-feira

17/7/2013

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PictureSó te Amo até Terça-Feira - Rosa Luna
Quando coloquei o meu perfil falso no Facebook foi uma forma de te atrair. Claro que a minha ignorância não me fez prever que seria necessário um pedido de amizade e uma aceitação tua. Não sou grande adepta das redes sociais, são montras de ego: por que carga de água é que as pessoas se exibem daquela maneira e têm frisos com fotografias em poses distintas? Seria incapaz de tamanha ousadia. Sou uma pessoa resguardada, a exibição não me é necessária. Por isso, fico fascinada a ver no Facebook a quantidade de informação que as pessoas debitam para ali. Será solidão? O meu caso estava preso aos mistérios amorosos, por isso qualquer desculpa era válida.

E tu irias aceitar o meu pedido de amizade porquê? Por sermos da mesma empresa, foi o que pensei e, no fim, talvez tenha sido essa razão que te levou, nove dias depois, a adicionares-me a uma lista cheia de gente que eu desconhecia e gente que conhecia da televisão ou das revistas. Como calculas, só me atrevi a carregar naquela imagem do polegar para cima que equivale a dizer que gosto e a entender, vendo o que lá colocas, quais são as coisas que te prendem a atenção. Foi assim que descobri música e livros de que nunca ouvira falar. A quantidade de informação que os teus amigos me forneceram? Nem imaginas. Tesouros, autênticas preciosidades para quem está apaixonada, posso garantir.

Fui-te coleccionando através do computador, compondo a tua figura e, muitas vezes, fazia uma lista. Sim, uma lista para ter a certeza de que correspondias a tudo o que a minha imaginação queria para mim. Tudo o que sonhei a brincar às bonecas, a fingir que eram todas uma família feliz e que tudo corria bem. Um homem honesto, com um sorriso fácil, leal aos seus amigos. E, por isso, era com enorme orgulho que verificava — e ainda verifico — que todos os dias, mesmo as pessoas mais distantes ou que não pensas conhecer, se calha a fazerem anos, lá vais tu colocar um simpático «Parabéns» com ponto de exclamação e tudo. Tens essa gentileza. Deves pensar que se aceitaste determinada pessoa, tens de cumprir os mínimos de educação. Não podia estar mais de acordo.

A minha parte favorita, contudo, é o álbum de fotografias que tens visível para quem é teu amigo no Facebook: em fato de banho com uns amigos, com o teu avô, com uns colegas da faculdade, com fraldas, com a tua irmã, com três raparigas que desconheço. Fiz um esforço imenso para não ter em consideração estas raparigas, sabes? Não julgues que sou idiota ao ponto de achar que em pleno século XXI iria encontrar alguém que tinha esperado pela sua alma gémea. Nos dias que correm, a alma gémea está desvalorizada, e eu, romântica incurável, sou constantemente acusada de viver acima das nuvens. Não é um mau sítio para viver, deixa-me que te diga, nas nuvens podes sonhar o que quiseres, e com a tua página do Facebook aberta no computador passei muitas horas a sonhar, a perceber quando estavas ligado e, sim, a descobrir os teus planos para festas, jantares e outras coisas.

Além disto, que pode parecer pouco apesar de me ter enchido dias e dias, sobretudo ao fim de semana, especializei-me a ouvir os diferentes clips de vídeo musicais que colocas no teu mural. Comecei a perceber o teu estado de espírito a partir daí. Ri-me com os posters a dizer «o cérebro é maravilhoso, todos devíamos ter um» e outras coisas. Algumas conversas, confesso, nunca compreendi totalmente, deve ser por isso que os amigos estabelecem códigos. Não sei.

Mantiveste sempre o chat desligado durante este tempo todo, disseste, mais tarde — muito mais tarde — que os chats podem ser viciantes e que tens de trabalhar. Eu compreendo, mas a verdade é que os chats são uma receita maravilhosa para combater a solidão. Se te contar as vezes que fiquei deitada no sofá com o computador a vegetar e a ver coisas cujo interesse até pode ser nulo mas que cumpriam a função de me acompanhar, és capaz de achar estranho. Enfim. As pessoas fazem coisas estranhas. Deixemos isso.

As tuas amigas são todas bem-parecidas. Os teus amigos parecem saídos de revistas. Talvez sejam, ou melhor, alguns são mesmo. Não imaginas a tortura que foi para mim quando tive de escolher uma fotografia para o meu perfil. Adoptei um truque que algumas pessoas consideraram mórbido: uma fotografia de uma radiografia para elogiar a transparência. Ridículo, não achas? Pois, todas as minhas imagens me pareciam menores, umas porque o sorriso está torto, outras porque a roupa não me favorecia e por aí adiante, numa cadeia de desculpas que terminou na tal radiografia que assustou algumas pessoas. Houve mesmo quem insistisse em que mudasse, mas depois houve uma moda de colocar no perfil fotografias das paisagens predilectas, e eu, digamos que me safei. Uma coisa é certa: para mim, nas nuvens ou em terra, estava devotada a idolatrar-te e se isso tivesse de ser feito de forma virtual, nada mais me restava do que aceitar. Assim como tu aceitaste o meu pedido de amizade.

Desculpa tratar-te já por tu, mas a verdade é que o meu coração explodiu quando me foste apresentado, na sala de reuniões, o filho do dono da empresa, agora responsável pela área de recursos humanos. Ao fim destes três anos, depois de ter pedido transferência da contabilidade para a área que governas dentro da empresa, depois de sorrisos e até de duas prendas de época festiva que deixei, anonimamente, na tua secretária — à socapa — achei que as redes sociais podiam ajudar a uma aproximação. Não tive muita sorte no início, mas lá consegui furar um pouco da tua carapaça e entrei num espaço que, sendo virtual, ainda coloca muito à vista aquilo que somos ou, pelo menos, aquilo de que gostamos.

Talvez esteja a contar tudo depressa de mais e possamos regressar ao princípio, já que existem pedaços da nossa relação que tu claramente apagaste da tua memória. Faremos então essa viagem juntos até àquele dia em que, num post it amarelo, novinho em folha, te escrevi: Só te amo até terça-feira.

Queres que comece?

"Quando te vi pela primeira vez,
imaginei o nosso casamento,
o meu vestido, o nosso beijo.
Senti-me a tua princesa."

Comecei a ler este livro praticamente por acaso, mas confesso que gostei bastante apesar de ser um livro dirigido ao publico feminino, é um livro divertido, de fácil leitura e que se lê rapidamente pois contem apenas 176 paginas.

Este é o terceiro livro da escritora Chilena, Rosa Luna que vive actualmente em Boston nos Estados Unidos da América, presa a uma cadeira de rodas desde os 12 anos de idade vitima de um acidente de viação, Rosa Luna tem atualmente 57 anos e nunca se casou.

Os interessados podem encontrar o livro a venda com facilidade aqui custa apenas 13,90 euros.

Boa leitura.

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